Hoje a frase do dia foi seguramente "
welcome to the real world". Na minha boa fé, resolvi marcar uma consulta no Hospital onde a Teresa vai nascer - Xico Xavier, por dois motivos: o médico que tem seguido a minha gravidez não vai poder fazer o parto; por outro lado, abrir assim o meu processo no hospital.
Eu achei que estava a fazer uma coisa muito ajuizada (e até foi...) mas a verdade é que
DESESPEREI.
Entrei no hospital com consulta marcada, por ordem de chegada, às 8h45. A sala de espera estava repleta de pessoas grávidas, não grávidas, senhoras de todas as idades e acompanhantes. Pelos vistos o mesmo atendimento para todos estes tipos de pessoas, provavelmente o critério "doenças de senhoras" eu sei lá! Antes de mais uma ressalva: tenho um seguro de saúde e estou habituada a um determinado serviço de atendimento que considero "normal" e sempre fugi do serviço público a sete pés, precisamente porque ouvia relatos como este que passo a descrever.
Primeiro desespero: a sala não tinha ar condicionado - mais ou menos 27 graus.
Segundo desespero: algumas pessoas tinham um ar bastante doente, nomeadamente uma senhora com uma tosse alérgica terrível. Coitada não tinha culpa, mas as grávidas conseguem visualizar os micróbios a kilómetros a galopar na sua direcção.
Terceiro desespero: passadas 2 HORAS de espera, resolvi indagar a senhora das informações, sobre o porquê da demora, "será que me chamaram e eu não ouvi?". A resposta deixou-me a pestanejar 2 minutos - "É que nós não temos culpa,
eles é que sabem quem atendem primeiro e normalmente quem vem pela primeira vez não é atendido antes, ou seja, os
subsequentes [expressão orgulhosamente usada pela senhora, referente a quem não vem pela primeira vez] costumam ser atendidos primeiro. Mas a senhora entre aqui e pergunte!" E assim fiz, ainda a tentar digerir o que me tinha acabado de dizer. Afinal, quantas pessoas já me tinham passado à frente e quantas ainda estavam por passar? E que MERDA de critério era esse?
Quarto desespero: "Não passei ninguém à frente, ainda tem 3 pessoas antes de si, tem de aguardar". Será que vale a pena, pensei.
Quinto desespero: Resolvi aguardar, já ali estava, já tinham passado 2 horas, não importa o facto de estar grávida de 37 semanas uma manhã inteira numa sala cheia de gente e com um calor crescente.
Sexto desespero: Chamaram-me pouco antes do meio-dia. A enfermeira que me "entrevistou" além de me ter feito esperar uns bons 10 minutos na sala de enfermagem, foi depois interrompida por telefonemas e a sala invadida por enfermeiras e médicos, à vontade umas 15 vezes enquanto decorria a minha "consulta", a ponto de eu ter de fazer um verdadeiro esforço para ouvir o que ela me dizia. Até que lhe perguntei "Não a incomoda estar sempre a ser constantemente interrompida?". "Antes era bem pior", foi a resposta. E com esta me fiquei. (Tenho de referir que apesar desta novela, a senhora até tinha alguma simpatia e acabámos por abordar assuntos importantes que ficaram registados, como p.ex. a minha intenção de amamentar e fazer questão de ser consultada antes de darem qualquer tipo de suplemento de leite à bebé, se for necessário).
Sétimo desespero: constatei que algum pessoal de enfermagem não tem muita formação cívica, nem vou entrar em pormenores.
Oitavo desespero: esperei mais cerca de 1 HORA para ser atendida pela médica, a qual quer que eu volte lá daqui a duas semanas, ao que eu respondi "Vou pensar seriamente na sua proposta".
Resumindo: não sei bem se valeu a pena lá ir. Acabei por perder 3 HORAS para ficarem com o meu processo e nem sei se vão olhar para ele quando voltar para a Teresa nascer. Ainda fiz umas análises que se prendem com a anestesia e mais uma outra coisa.
O clímax deu-se quando fomos pagar o parque de estacionamento e verificámos que tínhamos de levantar dinheiro. O multibanco mais próximo era "no outro edifício, ao pé dos táxis"!