5 de setembro de 2006

Welcome to the real world

Hoje a frase do dia foi seguramente "welcome to the real world". Na minha boa fé, resolvi marcar uma consulta no Hospital onde a Teresa vai nascer - Xico Xavier, por dois motivos: o médico que tem seguido a minha gravidez não vai poder fazer o parto; por outro lado, abrir assim o meu processo no hospital.
Eu achei que estava a fazer uma coisa muito ajuizada (e até foi...) mas a verdade é que DESESPEREI.
Entrei no hospital com consulta marcada, por ordem de chegada, às 8h45. A sala de espera estava repleta de pessoas grávidas, não grávidas, senhoras de todas as idades e acompanhantes. Pelos vistos o mesmo atendimento para todos estes tipos de pessoas, provavelmente o critério "doenças de senhoras" eu sei lá! Antes de mais uma ressalva: tenho um seguro de saúde e estou habituada a um determinado serviço de atendimento que considero "normal" e sempre fugi do serviço público a sete pés, precisamente porque ouvia relatos como este que passo a descrever.

Primeiro desespero: a sala não tinha ar condicionado - mais ou menos 27 graus.

Segundo desespero: algumas pessoas tinham um ar bastante doente, nomeadamente uma senhora com uma tosse alérgica terrível. Coitada não tinha culpa, mas as grávidas conseguem visualizar os micróbios a kilómetros a galopar na sua direcção.

Terceiro desespero: passadas 2 HORAS de espera, resolvi indagar a senhora das informações, sobre o porquê da demora, "será que me chamaram e eu não ouvi?". A resposta deixou-me a pestanejar 2 minutos - "É que nós não temos culpa, eles é que sabem quem atendem primeiro e normalmente quem vem pela primeira vez não é atendido antes, ou seja, os subsequentes [expressão orgulhosamente usada pela senhora, referente a quem não vem pela primeira vez] costumam ser atendidos primeiro. Mas a senhora entre aqui e pergunte!" E assim fiz, ainda a tentar digerir o que me tinha acabado de dizer. Afinal, quantas pessoas já me tinham passado à frente e quantas ainda estavam por passar? E que MERDA de critério era esse?

Quarto desespero: "Não passei ninguém à frente, ainda tem 3 pessoas antes de si, tem de aguardar". Será que vale a pena, pensei.

Quinto desespero: Resolvi aguardar, já ali estava, já tinham passado 2 horas, não importa o facto de estar grávida de 37 semanas uma manhã inteira numa sala cheia de gente e com um calor crescente.

Sexto desespero: Chamaram-me pouco antes do meio-dia. A enfermeira que me "entrevistou" além de me ter feito esperar uns bons 10 minutos na sala de enfermagem, foi depois interrompida por telefonemas e a sala invadida por enfermeiras e médicos, à vontade umas 15 vezes enquanto decorria a minha "consulta", a ponto de eu ter de fazer um verdadeiro esforço para ouvir o que ela me dizia. Até que lhe perguntei "Não a incomoda estar sempre a ser constantemente interrompida?". "Antes era bem pior", foi a resposta. E com esta me fiquei. (Tenho de referir que apesar desta novela, a senhora até tinha alguma simpatia e acabámos por abordar assuntos importantes que ficaram registados, como p.ex. a minha intenção de amamentar e fazer questão de ser consultada antes de darem qualquer tipo de suplemento de leite à bebé, se for necessário).

Sétimo desespero: constatei que algum pessoal de enfermagem não tem muita formação cívica, nem vou entrar em pormenores.

Oitavo desespero: esperei mais cerca de 1 HORA para ser atendida pela médica, a qual quer que eu volte lá daqui a duas semanas, ao que eu respondi "Vou pensar seriamente na sua proposta".

Resumindo: não sei bem se valeu a pena lá ir. Acabei por perder 3 HORAS para ficarem com o meu processo e nem sei se vão olhar para ele quando voltar para a Teresa nascer. Ainda fiz umas análises que se prendem com a anestesia e mais uma outra coisa.

O clímax deu-se quando fomos pagar o parque de estacionamento e verificámos que tínhamos de levantar dinheiro. O multibanco mais próximo era "no outro edifício, ao pé dos táxis"!

11 comentários:

Grande Diospiro disse...

Dito isto está provado que vale a pena pagar 30% do meu salário para impostos, segurança social e afins.

sara carvalho disse...

Amiga como sei o que acabaste de passar! Sempre "frequentei" hospitais públicos e que martírio as esperas! Lembro-me especialmente das consultas de alergologia (em pequena) que eram uma vez por ano e tinhamos que chegar super cedo para apanhar vez! As consultas eram para pessoas de todo o país e
algumas chegavam às 6h da manhã e normalmente eramos atendidos sempre para lá das 11h30, 12h. Uma tristeza este país e a classe médica, que se julgam os maiores só porque infelizmente necessitamos deles!!!! Claro que uma ínfima parte não é assim...
Então e o teu médico direccionar-te para um colega dele? Assim podias ter a Teresa "fora".

Ana Santos disse...

Assim é o nosso serviço público.
Essa de consultas interrompidas passei parecido na gravidez do meu filho Marco, a médica saia, demorava para chegar, havia estagiários, enfim que precisa espera e desespera.
Beijinhos
ana e seus tesourinhos

Ana Pacheco disse...

O meu médico aconselha-me este hospital. A ser outro, só o CUF Descobertas. Entretanto adiantou-me que o panorama das urgências (o parto) será diferente. Assim espero...
Bjs à franganita e aos tesourinhos

Carla Ferreira de Castro disse...

O truque é antes da próxima consulta, ires à hora da novela ou da bola, às urgências, com uma desculpa tipo "dói-me" "não sinto o bebé" (escolhe a que te vier à cabeça), entras fazem o CTG e já lá tens a tua ficha pois está tudo informatizado. Claro que também esperas, mas serão menos horas. O francisco Xavier antes do novo edifício era bem mais sinistro e a urgência pediátrica (que tão bem conheço) nem se fala. Good Luck!

Carla Ferreira de Castro disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Unknown disse...

Mas que stress, só para ter uma simples consulta... O meu maior receio disto tudo não é a hora do parto mas sim o atendimento do hospital mas o que me vale é estar a fazer as aulas de P.P.P com as enfermeiras do Hospital e elas já me avisaram que vamos fazer uma visita guiada para ficarmos a conhecer o funcionamento da area da obstetricia( o que me fez descançar mais um pouco)! Mas linda, coragem esperemos que para a proxima seja mt melhor,pelo menos na altura em que a Teresa queira vir nos conhecer!
Bjs

Anónimo disse...

e é assim que o nosso sistema de saude está...por essas e por outras é que eu nunca ponho os pes nos publicos para consultas , não tenhomuita paciencia...
beijos

Lúcia disse...

Se tens seguro de saúde porque não pensas no hospital cuf descobertas. Eu tive la a Beatriz e o atendimento foi muito bom, sem nenhum destes desesperos que descreves e com um ambiente tranquilo.
BJnhs

cloinca disse...

O tétulo do teu post não podia realmente ser mais apropriado.
beijinhos e miminhos na barrigona para ti!

Anónimo disse...

SUBLINHO O QUE O GRD DIOSPIRO ESCREVEU